Há algo de muito errado num país que obriga velhos e acabados (até agora, um senhor na casa dos 70s com parkinson num estado relativamente avançado, e uma senhora também nos seus 70, de óculos, a ver o jornal a 10 cm de distância) a procurar emprego (ou trabalho), e só lhes dá coisas que eles nem sabem o que são (o velhote olhava num poste, um anuncio de comercial de netcabo, que dizia em letras garrafais PRECISA DE TRABALHO? ou QUER TRABALHAR? - a senhora olhava muito atenta, no jornal, para um anúncio de uma padaria que estaria cercado por anúncios para telemarketers e de gatunos que lhe querem ir ao ouro).
Como estava a dizer, há algo de muito errado num país que obriga velhos e acabados a procurar emprego, e só lhes dá coisas que eles nem sabem muito bem o que são, e que os jovens não querem, tendo que aceitar muitas vezes como penúltimo recurso. O último aprazer-me-ia dizer que salta à vista, mas já ninguém fala dele. Só de verão em verão, e, quando os tempos são bons, no Natal.
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